NA BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL, COMISSARIADA POR DANIEL PIRES, A PARTIR DE 17 DE SETEMBRO: EXPOSIÇÃO "DA INQUIETUDE À TRANSGRESSÃO: EIS BOCAGE..."
28-08-2015 11:40
![Banda desenhada, «Manuel Maria Hedois Barbosa du Bocage», Maria das Mercês de Mendonça Soares e Manuel Ferreira, in Camarada, 2.ª série, 8.º volume, Março 1965 (https://bloguedebd.blogspot.pt/2014/11/literatura-e-bd-5-bocage.html)](https://www.bnportugal.pt/images/stories/agenda/2015/bocage_bd.jpg)
Comissariada por Daniel Pires, estudioso e editor de Bocage que preside ao Centro de Estudos Bocageanos, é inaugurada no próximo dia 17 de Setembro, na Biblioteca Nacional, a exposição Da Inquietude à Transgressão: eis Bocage.... O evento integra-se nas comemorações dos 250 anos do nascimento do poeta, de que em breve divulgaremos aqui o programa completo.
Com efeito, comemoram-se, a partir de Setembro de 2015, os 250 anos do nascimento de Bocage, um paradigma literário e cívico da cultura portuguesa.
A sua poesia multifacetada – cultivou com talento todos os géneros poéticos da época – caracteriza-se pela autenticidade, pela singularidade e pelo universalismo, estando omnipresentes na sua obra o lirismo, a intervenção social, o erotismo e a sátira.
Acresce, por outro lado, que Bocage fez incursões pela arte cénica e traduziu com rigor e criatividade os clássicos greco-latinos – Ovídio, Lucano, Virgílio, Museu e Moscho – e os escritores coevos, como, entre outros, Voltaire, La Fontaine, Tasso, Racine, Delille e Madame du Bocage, sua tia-avó.
![Soneto, Bocage in «A virtude laureada. Drama recitado no Theatro do Salitre... por seu muito devedor, e amigo Manoel Maria de Barbosa du Bocage.», Lisboa, Impressão Regia, 1805. (BNP L. 5798/4 P.) [https://purl.pt/6267/4/#/20]](https://www.bnportugal.pt/images/stories/agenda/2015/bocage_l-5798-4-p_21.jpg)
A sua vida caracterizou-se pela inquietude, a irreverência e a transgressão. Perfilhou os princípios do Iluminismo, criticou os valores serôdios do Antigo Regime português – a religião punitiva, a nobreza parasitária, o ensino entorpecedor, a moral sexual, o fanatismo e a ignorância – e exaltou o corpo, compondo poesia erótica que distribuiu clandestinamente, a qual só pôde ser publicada legalmente com o advento do 25 de Abril, ou seja, cerca de 200 anos depois do seu falecimento.
Bocage faleceu em 1805, aos 40 anos, intensa e freneticamente vividos. Os seus restos mortais, por incúria das autoridades, foram para a vala comum. O seu legado, porém, vivifica o presente e incentiva a utopia.
A Biblioteca Nacional de Portugal associa-se às comemorações dos 250 anos do nascimento de Bocage, evocando o poeta, o tradutor, o dramaturgo e o cidadão.